Texto
Base: Mateus 18. 23 - 35
A reconciliação não é algo a ser praticado somente
entre nós e Deus, mas também para com nossos irmãos. Reconhecemos, que, à
semelhança da cruz, também temos duas linhas do fluir da reconciliação: a
vertical (o homem com Deus) e a horizontal (entre os homens). O mesmo perdão
que recebemos de Deus deve ser praticado para com nossos semelhantes.
O perdão (ou a falta dele) faz muita
diferença na vida de alguém. A reconciliação horizontal determina se a vertical
que recebemos de Deus vai permanecer em nossa vida ou não. A palavra de Deus é
clara quanto ao fato de que se não perdoarmos a quem nos ofende, então Deus
também não nos perdoará.
Pois, foi o próprio Senhor Jesus Cristo
quem afirmou isto no ensino da oração do Pai-nosso conforme o texto de Mateus
6. 14 – 15 que diz: “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas,
também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as
suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”.
Deus tem nos dado seu perdão
gratuitamente, sem que o merecêssemos, e espera que usemos do mesmo espírito
misericordioso para com quem nos ofende. Se fluímos com o Pai Celestial no
mesmo espírito perdoador, permanecemos na reconciliação alcançada pelo Senhor
Jesus. Contudo, se nos negamos a perdoar, interrompemos o fluxo da graça de
Deus em nossa vida, e nossa reconciliação vertical é comprometida pela ausência
da horizontal. Cristo também nos advertiu com clareza sobre isto conforme nos
mostra essa parábolas falada num contexto que envolvia o perdão.
O significado desta ilustração dada por
Jesus Cristo é muito forte. Temos um rei e dois tipos de devedores. Se a
parábola ilustra o reino de Deus, então o rei figura o próprio Deus. O primeiro
devedor tinha uma dívida impagável, enquanto que a do segundo estava ao seu
alcance. Não há como comparar a dívida de cada um. Dez mil talentos da dívida
do primeiro servo era o equivalente a cerca de 200.000 dias de trabalho,
enquanto que os cem denários que o outro servo devia era o equivalente a apenas
cem dias de trabalho. Esta diferença revela a dimensão da dívida que cada um de
nós tinha para com Deus, e que, por ser impagável, estávamos destinados à
prisão e escravidão eterna. Contudo, sem que fizéssemos por merecer, Deus em
sua bondade, nos perdoou. Portanto, Ele espera que façamos o mesmo. Assim, essa
parábola nos mostra que: O cristão que foi perdoado de seus pecados e
recusa-se a perdoar um irmão – seu conservo no evangelho – terá seu perdão
revogado.
Isto é muito sério. As ofensas das
pessoas contra a gente não são nada perto das nossas ofensas que o Pai
Celestial deixou de levar em conta. E a premissa bíblica é de que se pudemos
ser perdoados por Ele, então também devemos perdoar a qualquer um que nos
ofenda.
A FALTA DE PERDÃO É UMA PRISÃO: Quem não perdoa, está preso como já
aprendemos nesta CAMPANHA quando lemos em Mateus 18.34: “E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que
pagasse toda a dívida”.
A palavra verdugo
significa “torturador”. Além de preso, aquele homem seria torturado
como forma de punição. A prática do ministério nos revela que o que Jesus falou
em figura nesta parábola é uma realidade espiritual na vida de quem não perdoa.
Os demônios amarram a vida daqueles que retém o perdão. Suas torturas aplicadas
são as mais diversas: angústia e depressão, enfermidades,
debilidade física, etc.
Muita gente tem sofrido com a falta de
perdão. Outro dia ouvi alguém dizendo que:o ressentimento é o mesmo que você tomar
diariamente um pouco de veneno, esperando que, quem te magoou venha a morrer. E
preste atenção nisso: “Já não basta o primeiro sofrimento, porque
acrescentar um outro maior que neste caso é a mágoa”?
Alguns acham que o perdão é um
benefício para o ofensor. Porém, eu digo que o benefício maior não é o que foi
dado ao ofensor, mas sim o que o perdão produz na vítima, naquele que está
ferido. Sem perdão não há cura. A doença interior só se complica, e a saúde
espiritual, emocional e física da pessoa ressentida é seriamente afetada. Em
outra porção das Escrituras (onde o contexto dos versículos anteriores é o
perdão), vemos o Senhor Jesus nos advertindo do mesmo perigo quando em Mateus
5. 25 – 26 diz: “Entra em acordo sem demora com teu adversário,
enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao
juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te
digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”.
Não sei exatamente como é esta prisão,
mas sei que Cristo não estava brincando quando falou dela. A falta de perdão me
prende e pode prender a vida de mais alguém. Isto é um fato comprovado. Tenho
presenciado gente que esteve presa por tantos anos, e ao decidir perdoar foi
imediatamente livre. Isto também pode acontecer com você, basta decidir
perdoar.
Então! Como deve ser o perdão? A pessoa
tem que pedir o perdão ou merecê-lo para poder ser perdoada? Não...
Devemos perdoar como Deus nos perdoou conforme o texto de Efésios 4. 32 que diz:
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos
perdoou”.
O texto bíblico diz que nosso perdão e
reconciliação horizontal deve seguir o exemplo da que Deus em Jesus quando praticou
para conosco Seu perdão. Então, basta perguntar: – “Fizemos por merecer o
perdão de Deus? Não. Então nosso ofensor também não precisa fazer por merecer”.
Não...
Pois, o perdão é um ato de misericórdia, de compaixão. Nada tem a ver com
merecimento. O apóstolo Paulo falou aos efésios que o perdão é fruto de um
coração compassivo e benigno. O perdão flui da benignidade do nosso coração, e
não por haver ou não benignidade no ofensor.
Jesus disse que se eu souber que alguém
tem algo contra mim, devo procurá-lo para tentar a reconciliação. Mesmo se tal
pessoa não me procurar ou nem mesmo quiser falar comigo, tenho que ter a
iniciativa, tenho que tentar. Deus ofereceu perdão gratuito a todos,
independentemente de qualquer comportamento, e Ele é nosso exemplo!
NÃO HÁ LIMITE DE VEZES PARA
PERDOAR, conforme aprendemos nesta campanha...
O Senhor declarou que mesmo se alguém
repetir sua ofensa contra mim por quatrocentos e noventa vezes, ainda deve ser
perdoado. Na verdade, os comentaristas bíblicos em geral entendem que Jesus não
estava se prendendo a números, mas tentando remover o limite imposto na mente
dos discípulos para perdoar.
Fico pensando o que seria de nós sem a
misericórdia de Deus. Quantas vezes Deus já nos perdoou? Quantas mais Ele vai
nos perdoar? Se devemos perdoar como também Deus em Cristo nos perdoou, então
fica claro que não há limite de vezes para perdoar! Certo?
O DIABO É QUEM LEVA VANTAGEM
QUANDO NÃO PERDOAMOS... Já falamos que há uma prisão espiritual
ocasionada por reter o perdão. E que demônios se aproveitam desta situação. Agora
queremos examinar um outro texto bíblico que nos mostra nitidamente que a falta
de perdão dá vantagem ao diabo conforme o texto de 2 Coríntios 2. 10 – 11 que
diz: “A quem perdoais alguma coisa, também eu perdôo; porque de fato o
que tenho perdoado, se alguma cousa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na
presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não
lhe ignoramos os desígnios”.
Na verdade! O apóstolo Paulo revela que se
deixamos de perdoar, quem vai se aproveitar da situação é Satanás, o adversário
de nossas almas. Disse ainda, que não ignorava as maquinações do maligno. Em
outras palavras, ele estava dizendo que justamente por saber como o diabo age
na falta de perdão, é que não podia deixar de perdoar.
Precisamos entender que Deus não será
engrandecido na falta de perdão. Que o ofendido não lucra nada por não perdoar.
Que até mesmo o ofensor pode estar espiritualmente preso. O único que lucra com
isso é o diabo, pois passa a ter autoridade na vida de quem decide alimentar a
ferida do ressentimento.
A Bíblia nos ensina que não devemos dar
lugar ao diabo (Ef 4.27). Que ele anda em nosso derredor rugindo como leão,
buscando a quem possa tragar (1 Pe 5.8), e que devemos resisti-lo (Tg 4.7). Mas
quando nos recusamos a perdoar, estamos deliberadamente quebrando todos estes
mandamentos.
CONSELHOS PRÁTICOS: Para aqueles que reconhecem que não
há saída a não ser perdoar, mas que, por outro lado, não é algo tão fácil de se
fazer, quero oferecer alguns conselhos práticos que serão de grande valia.
Primeiro, o perdão não é um sentimento,
é uma decisão e também uma atitude de fé. Já dissemos que o perdão não é por
merecimento, logo, não tenho motivação alguma em minhas emoções a perdoar. Não
me alegro por ter sido lesado, mas libero aquele que me lesou por uma decisão
racional. Portanto, o perdão não flui espontaneamente, deve ser gerado no
coração por levar em consideração aquilo que Deus fez por mim e sua ordem de
perdoar.
As conseqüências da falta de perdão
também devem ser lembradas, para dar mais munição à razão do que à emoção.É
preciso fé para perdoar. Certa ocasião quando Jesus ensinava seus discípulos a
perdoarem, foi interrompido por um pedido peculiar:
Em Lucas 17. 3 – 5 nos mostra que: “Acautelai-vos.
Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se
por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo:
Estou arrependido, perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos
a fé”.
Naquele instante os discípulos
reconheceram que para praticar este nível de perdão iriam precisar de mais fé.
E Jesus parece ter concordado, pois nos versículos seguintes lhes ensinou que a
fé é como semente, quanto mais se exercita (planta) mais ela cresce (se colhe)...É
necessário crer que Deus é justo e que Ele não nos pede mais do que aquilo que
podemos dar. Se Deus nos pediu que perdoássemos, Ele vai nos socorrer
dispensando sua graça no momento em que tivermos uma atitude de perdão.
Muitas vezes o perdão precisa ser renovado.
Depois de declarar alguém perdoado, o diabo, que não quer perder seu domínio,
vai tentar renovar a ferida. Em Provérbios 17.9 as Escrituras Sagradas nos
falam sobre encobrir a questão ou renová-la. É preciso tomar uma decisão de
esquecer o que houve, e renovar somente o perdão. Cada vez que a dor tentar
voltar, declare novamente seu perdão. Ore abençoando seu ofensor. Lute contra a
mágoa!
É importante ver os ofensores como
vítimas. Isto é algo especial que vejo em Jesus na cruz:“Contudo Jesus
dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)Em
vez de olhar para eles como quem merece punição e castigo, Jesus enxerga que
eles também eram vítimas. Aqueles homens estavam em cegueira e ignorância
espiritual, debaixo de influência maligna, sem nenhum discernimento de quem
estavam de fato matando. Eram vítimas de todo um sistema que os afastou de Deus
e da revelação das Escrituras. E ao reconhecer que ele é que eram vítimas, em
vez de alimentar dó de si mesmo (como nós faríamos), Jesus teve compaixão
deles. Acredito que este é um princípio para o perdão fluir livremente. Assim
como Jesus o fez, deixando exemplo, Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo,
também o fez:
“Então, ajoelhando-se, clamou em alta
voz: Senhor, não lhes imputes este pecado”. (Atos 7.60)Quando você começa a enxergar as
misérias da vida espiritual de seu ofensor (ao menos a que manifestou no
momento de te ferir), e canaliza o amor de Deus por ele, como você também
necessita do amor divino ao se achegar arrependido em busca de perdão, a coisa
fica mais fácil.
Em Mateus 5. 23 – 24: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de
que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta,
vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua
oferta”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário